Um fato muito comentado nos últimos dias respeito ao pedido de
vista feito pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF),
quando o plenário daquela Corte se pronunciava sobre o impedimento de que possa
assumir o cargo de presidente da República qualquer integrante da linha
sucessória que seja considerado réu. São eles o vice-presidente da
República, o presidente da Câmara dos Deputados, o presidente do Senado Federal
e o presidente do Supremo. É que o ministro pediu vista do processo quando o
plenário já havia aprovado a medida porque a decisão já havia recebido seis
votos. A solicitação de Toffoli serviu apenas para estancar o processo, o que
impede a execução da decisão já tomada pelo STF. Durante o julgamento do
processo que considerou Renan Calheiros como réu de um processo de peculato
pelo placar de oito votos a três (Dias Toffoli foi um dos três ministros que
não viram no processo nenhum dos quatros crimes de que era acusado), o
presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), como consequência
da decisão da Corte, expediu nota solicitando a imediata saída de Renan da
presidência do Senado;
Muita gente reclama da morosidade do Supremo para julgar em
especial processos oriundos da Operação Lava-Jato, como se os magistrados
estivessem sendo protetores dos figurões políticos. Durante o julgamento do
senador Renan Calheiros, refutaram essa acusação. O ministro Teori Zavascki,
relator dos processos provenientes da Operação Lava-Jato, lembrando o caso do
presidente do Senado que estavam julgando, cujo processo teve início em 2007,
mas somente em 2013 é que chegou ao STF. De acordo com o Regimento Interno do
Supremo, o prazo de devolução de um processo para o qual tenha havido pedido de
vista é de dez dias, prorrogáveis por mais dez. Dias Toffoli alega que havia
recebido os autos do processo muito tempo antes do julgamento e que ainda
estava dentro do prazo para sua devolução. O ministro Marco Aurélio Mello, que
era o relator do processo, informa que o prazo para Toffoli devolver o processo
termina no próximo dia 21. Só que há um pequeno detalhe: embora seja o mais
jovem integrante da Corte, Dias Toffoli parece não saber que os processos sãos
digitalizados, não havendo a entrega física daquela papelada. Não resta nenhuma
dúvida. O ministro fez uma manobra para que Renan permaneça do cargo até
fevereiro, quando outro senador será eleito presidente. Como disse o
jornalista Merval Pereira, o ministro Dias Toffoli em matéria de informática
ainda é "analógico".
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