Corporativismo salva Jaqueline |
Em votação secreta, o plenário da Câmara dos Deputados rejeitou nesta
terça-feira relatório do deputado Carlos Sampaio
(PSDB-SP), que pedia a perda de mandato da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) , após a revelação
de um vídeo em que ela aparece recebendo dinheiro do delator do mensalão
do DEM, Durval Barbosa. Jaqueline foi absolvida por 265 votos a 166 e 20 abstenções. Para que Jaqueline perdesse o mandato, era necessário que houvesse a concordância da
maioria absoluta dos deputados, ou seja, 257 votos, ou seja, mais da metade dos
513 parlamentares da Câmara;
Se tivesse sido aprovada a cassação,
Jaqueline ficaria inelegível por oito anos. Antes da votação, deputada havia encaminhado um documento de 28 páginas aos demais deputados no qual pedia a rejeição do parecer do Conselho de Ética, argumentando que ela “não se encontrava no exercício de qualquer
mandato, especialmente de deputada federal” quando ocorreram os fatos,
em 2006. A deputada subiu à tribuna da Câmara e leu a própria
defesa, atacando o "jornalismo predatório", dizendo que sofreu
"implacável condenação por parcelas da mídia";
A deputada responde, ainda, a inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), pois, na semana passada, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, apresentou
ao Supremo denúncia criminal contra ela, acusando-a de peculato por
ter atuado para que um servidor público usasse sua função no desvio de
recursos em benefício dele e de terceiros. Caberá, portanto, ao Supremo decidir se aceita ou não a denúncia do Ministério
Público Federal (MPF) contra a parlamentar. Caso aceite, Jaqueline passará a
ser ré no processo numa ação penal, cuja análise será feita pelo
plenário do Tribunal e não tem data para acontecer. O ministro Joaquim Barbosa é
o relator do caso no STF;
No site de notícias G 1 estão declarações de vários deputados sobre a inconveniência do voto secreto para esse tipo de decisão. O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) é um dos que reclamram do voto secreto. Disse ele: “A
votação é secreta e o perigo mora aí”, e, após a votação, afirmou: “O voto secreto é
vergonhoso”. Já o deputado Reguffe (PDT-DF) classificou de "absurdo" o sigilo
determinado pela Constituição aos processos de cassação parlamentar. “O
eleitor tem sempre o direito de saber como seu representante vota. Faço
um apelo para que essa regra mude, porque o voto secreto é a matriz da
indústria da impunidade”. Por fim, o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) “é evidente que o voto
secreto contribuiu para a absolvição. O Parlamento se afasta da
sociedade quando utiliza o voto secreto, está na contramão da vontade da
sociedade. O melhor caminho é acabar com o voto secreto”;
Diante deste fato, já é hora da sociedade, que durante cinco anos já viu a possibilidade de ser aprovada a Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) nº 349, mas ela entrou 70 vezes na
pauta e não foi votada. Até hoje o eleitor continua sem o direito de
saber como seu representante vota em seu nome em determinados assuntos. A
PEC 349 tem por objetivo exatamente
acabar com essa aberração. Os integrantes do Poder Legislativo
representam o povo de um modo geral e agem em nome dele (pelo menos
teoricamente). Sendo assim, é Justo que o povo saiba como votam seus
representantes. Chega de corporativismo!
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