O site Congresso em Foco informa que dos 72
parlamentares que tiveram pedido de indiciamento proposto pela CPI dos
Sanguessugas em 2006, 39 são candidatos nestas eleições. Desses, 27 respondem a
processo na Justiça Federal de Mato Grosso, onde tramita a maioria das ações
contra a chamada máfia das ambulâncias. Entre os candidatos, oito foram
absolvidos pelo Conselho de Ética da Câmara ou do Senado, dois tiveram contra si
parecer pela cassação, mas não foram julgados pelo Plenário por causa do fim da
legislatura, enquanto os demais não tiveram seus casos concluídos pelo
colegiado. O 'Congresso em Foco' procurou todos os 39 e publica, a
seguir, a situação de cada um deles, com as respectivas acusações e defesas. Destacamos a seguir os candidatos do Rio de Janeiro que aparecem como integrantes desse "seleto" grupo:
FERNANDO GONÇALVES
(PTB-RJ), candidato a deputado federal
Responde
a processo (14674-67.2009.4.01.3600) que tramita na Justiça Federal de Mato
Grosso pelos crimes de quadrilha ou bando, corrupção passiva de lavagem de
dinheiro. Foi um dos deputados denunciados pela CPI dos Sanguessugas. Terminou o
mandato sem que seu caso tivesse parecer do Conselho de Ética. Não se reelegeu
em 2006, mas chegou a exercer o mandato na atual legislatura na condição de
suplente.
Acusação e defesa
O ex-deputado foi acusado
pelo empresário Luiz Antônio Vedoin de receber comissão de 10% sobre o valor das
emendas que beneficiavam a Planam. Vedoin disse que conheceu o parlamentar em
2001, quando repassou um ônibus médico-odontológico no valor de R$ 54 mil. No
ano seguinte, segundo o empresário, o petebista recebeu R$ 310 mil em comissões,
por meio de um assessor e do irmão de seu chefe de gabinete. Darci Vedoin
declarou à Justiça de Mato Grosso que o gabinete do parlamentar fazia contato
com prefeitos para fraudar licitações. Em defesa entregue à Câmara, Fernando
Gonçalves negou ter feito qualquer acordo com a família Vedoin. O petebista
admitiu ter usado, por empréstimo, um ônibus médico-odontológico durante sua
pré-campanha eleitoral na Baixada Fluminense. Segundo ele, não havia na época
qualquer suspeita de envolvimento dos empresários com fraudes. O ex-parlamentar
disse, ainda, que nenhum de seus assessores se reuniu com representantes da
Planam ou das prefeituras envolvidas. Procurado pelo 'Congresso em
Foco', disse por meio de sua assessoria que não tem e nunca teve
qualquer relação com a máfia das ambulâncias. “O nome dele apareceu porque ele
apresentou emenda. Mas quem faz licitação é prefeitura, e quem manda dinheiro é
o Ministério da Saúde”, informou a assessoria, que diz estar confiante na
eleição de Fernando Gonçalves: “Quem planta o bem colhe o bem”.
JOÃO MENDES DE JESUS
(PRB-RJ), candidato a deputado estadual
Responde a processo
(17500-37.2007.4.01.3600) na Justiça Federal de Mato Grosso pelos crimes de
quadrilha ou bando, corrupção passiva e violação do sigilo funcional. Foi um dos
deputados denunciados pela CPI dos Sanguessugas. Terminou o mandato sem que seu
caso tivesse parecer do Conselho de Ética. Não se reelegeu em 2006. Elegeu-se
vereador no Rio em 2008.
Acusação e defesa
O ex-deputado
foi acusado pelos empresários Luiz Antônio Vedoin e Ronildo Pereira Medeiros de
receber 10% de comissão em troca de emendas que seriam executadas por empresas
envolvidas na “máfia das ambulâncias”. Vedoin acusou o então parlamentar de
negociar detalhes da fraude das licitações com prefeitos de três municípios
fluminenses. Segundo ele, João Mendes recebeu R$ 85 mil em espécie e outros R$
20,4 mil por meio de depósito na conta de um assessor. O empresário disse que o
parlamentar fluminense recebeu ainda R$ 35 mil de comissão por uma emenda que
financiou a compra de dois veículos de inclusão digital para o Instituto
Brasileiro de Estudos Especializados (Ibrae); e R$ 70 mil por emenda para compra
de dois ônibus com equipamentos de informática para o Intedeq. Em defesa
entregue à Câmara, o ex-parlamentar negou qualquer contato com a família Vedoin
e acusou o ex-assessor de agir em conluio com a Planam sem o seu conhecimento.
Os encontros entre o assessor e representantes da empresa, segundo João Mendes,
ocorriam em dias em que ele não estava em Brasília. "Depois das negociações com
a quadrilha, o assessor filtrava os pedidos de emenda encaminhados ao
parlamentar", afirmou. Procurado pelo 'Congresso em Foco', o hoje
vereador negou qualquer relação com a família Vedoin e disse que sua candidatura
a deputado estadual existe apenas no papel. “Ele nem aparece no horário
eleitoral, não faz campanha. Candidatou-se por pressão do partido. Ele é
candidato, sim, à reeleição de vereador em 2012”, informou a assessoria.
PAULO FEIJÓ
(PR-RJ), candidato a deputado federal. Era do
PSDB
Responde a processo (11894-28.2007.4.01.3600) na Justiça Federal de
Mato Grosso pelos crimes de quadrilha ou bando, corrupção passiva e de lavagem
de dinheiro. Foi um dos deputados denunciados pela CPI dos Sanguessugas.
Terminou o mandato sem que seu caso tivesse parecer do Conselho de Ética. Não se
reelegeu em 2006.
Acusação e defesa
O ex-deputado foi
acusado de receber comissão em troca de emendas que seriam executadas por
empresas envolvidas na máfia das ambulâncias em municípios do Rio entre 2003 e
2004. Segundo o empresário Luiz Antonio Vedoin, as entidades beneficiadas
foram indicadas por Feijó em troca de valores não fixos, repassados à mulher do
parlamentar e outras duas pessoas. Em defesa entregue à Câmara, o
ex-parlamentar afirmou que conheceu o empresário Darci Vedoin, pai de Luiz
Antonio e sócio da Planam, em 2002. O empresário, segundo ele, havia se
apresentado como “assessor parlamentar” de prefeituras fluminenses e tentado
convencê-lo a mudar o destino de emendas. Feijó afirma que não aceitou a
proposta. Ele também negou ter conhecimento dos depósitos citados por Vedoin.
REINALDO BETÃO
(PR-RJ), hoje candidato a deputado estadual. Era do PL, antiga
denominação do PR
Responde a processo (6326-26.2010.4.01.3600) na
Justiça Federal de Mato Grosso pelo crime de corrupção passiva. Foi um dos
deputados denunciados pela CPI dos Sanguessugas. Terminou o mandato sem que seu
caso tivesse parecer do Conselho de Ética. Não se reelegeu.
Acusação
e defesa
O ex-deputado foi acusado pelo empresário Luiz Antonio
Vedoin, da Planam, de receber uma comissão de 10% por emenda apresentada que
beneficiasse as empresas da “máfia das ambulâncias”. Vedoin disse ter
conhecido Betão em 2003, por meio de um assessor do parlamentar. O empresário
contou que entregou ao parlamentar um veículo zero quilômetro, transformado,
posteriormente, em ambulância. O carro, avaliado em R$ 40 mil, foi transferido
para o nome de Betão, segundo Vedoin. Em defesa entregue à Câmara, o ex-deputado
disse que as acusações feitas pelo empresário careciam de prova e que jamais
negociou emenda parlamentar. Afirmou que só teve um contato com Darci Vedoin,
pai e sócio de Luiz Antonio, em 2003. Na ocasião, segundo ele, o empresário
pediu a indicação de municípios que poderiam receber doação de ambulâncias.
VIEIRA REIS (PRB-RJ),
candidato a deputado estadual
Responde a processo
(484-65.2010.4.01.3600) na Justiça Federal de Mato Grosso pelos crimes de
quadrilha ou bando, corrupção passiva e de lavagem de dinheiro. Foi um dos
deputados denunciados pela CPI dos Sanguessugas. Terminou o mandato sem que seu
caso tivesse parecer do Conselho de Ética. Não se reelegeu. Em 2008 elegeu-se
vereador de Campos dos Goytacazes (RJ).
Acusação e
defesa
O ex-deputado foi acusado pelo empresário Luiz Antônio Vedoin
de receber comissão de 10% por emenda que beneficiasse as empresas da “máfia das
ambulâncias”. Segundo o empresário, assessores do ex-parlamentar acertavam
o direcionamento de licitações com prefeituras do Rio. Ainda de acordo com a
denúncia, o dinheiro era repassado a Vieira Reis após ser depositado nas contas
de dois assessores do parlamentar. O empresário Darci Vedoin disse ter
entregado, pessoalmente, R$ 10 mil em espécie ao então deputado. Em defesa
entregue à Câmara, Vieira Reis acusou a CPI dos Sanguessugas de se guiar por
denúncias “mentirosas”, com “vícios insuperáveis”, movidas por empresários que
queriam “extorquir dinheiro de deputados e autoridades”. Segundo o
ex-parlamentar, as emendas apresentadas por ele tinham como objetivo atender as
necessidades da área de saúde em suas bases eleitorais. Ele afirmou ainda que o
próprio Vedoin admitiu que suas emendas não chegaram a ser executadas.
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